MamÃferos Marinhos do Brasil
​​ Sirênios
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Você consegue notar alguma semelhança entre as figuras ao lado?
Na verdade, é isso mesmo que você está pensando! Os peixes-boi estão relacionados com a lenda das sereias. Apesar do seu corpo roliço não ser tão parecido com uma sereia, os navegantes conseguiam achar semelhanças entre os dois. Outro fato interessante é que o nome Sirênio tem origem do latim siren que significa sereia.
Os sirênios atuais desenvolveram-se de mamÃferos terrestres quadrúpedes, cuja cauda tornou-se achatada, os membros posteriores desapareceram e o revestimento cabeludo que cobria todo o corpo desapareceu, restando apenas poucos pelos espalhados.
Adaptações e modificações dos sirênios para a vida aquática.
As caracterÃsticas morfológicas que determinam as espécies da Ordem Sirenia são: corpo roliço e arredondado; presença de membros anteriores (equivalentes aos nossos braços) em forma de remo; ausência de nadadeira dorsal (ao contrário dos cetáceos); membros posteriores (equivalentes as nossas pernas) transformados em uma nadadeira caudal achatada, para locomoção; couro espesso, rÃgido e frequentemente enrugado e com poucos pelos espalhados pelo corpo; pescoço extremamente pequeno; ausência de orelha; presença de duas mamas peitorais nas fêmeas. O crânio é largo em proporção ao tamanho do corpo, embora o cérebro seja relativamente o menor entre os mamÃferos.
A espécie que habita a costa brasileira é o Trichechus manatus manatus. O nome do gênero é de origem grega, onde trichos significa pelo e ekko, possuir, referindo-se aos pelos espalhados pelo corpo e aos bigodes faciais. O nome da espécie, manati, é de origem caribenha, referindo-se às mamas. Os filhotes, durante os primeiros meses de vida, se alimentam basicamente do leite materno. A amamentação ocorre debaixo da água, geralmente quando a mãe está em repouso. Gradualmente, o filhote começa alimentar-se de vegetais.
Os sentidos desses animais ainda não foram bem estudados, mas acredita-se que a comunicação entre os peixes-bois se dá através de sons e sinais e, provavelmente, o paladar, olfato e, também, o tato.
Embora esses animais não possuam uma orelha externa (como a nossa) e pelo pequeno tamanho da passagem de audição, podemos dizer que esses animais escutam muito bem. Essa sensibilidade auditiva se dá pela existência de ossos extremamente largos e bem desenvolvidos. Dessa forma, os sons parecem ser o principal sentido dos sirênios, assim como nos cetáceos.
No Brasil, o ambiente marinho representa atualmente, local de maior número de avistagens de peixes-boi. A região costeira nordestina oferece habitats favoráveis ao peixe-boi marinho, pois apresenta uma grande quantidade de alimento, águas quentes e rasas, refúgios e uma série de estuários e baÃas proporcionando fontes de água doce.
O peixe-boi é o único mamÃfero aquático, que é herbÃvoro, ou seja, se alimentam apenas de gramÃneas. No entanto, não são animais ruminantes, como as vacas. Os peixes-boi gastam entre 6 a 8 horas do dia se alimentado e, neste perÃodo, eles consomem cerca de 4 a 11% do seu peso corporal diariamente, em sessões alternadas com repouso.
Esses animais possuem o hábito solitário ou de ficarem em pequenos grupos. A única associação obrigatória é entre mãe e filhote. Quando são vistos em grupos, geralmente é na época de acasalamento, quando as fêmeas estão prontas para reproduzir.
Durante muitos anos o peixe-boi foi explorado com fins exclusivamente comerciais pelos homens. A carne, o couro, a gordura e até os ossos desses animais tinham utilidade e eram bastante apreciados. O couro, por exemplo, por ser bastante rÃgido e duro era usado na fabricação de escudos de couro, cordas musicais e sapatos. Acredita-se que os ossos possuÃam valor medicinal.
O peixe-boi marinho é a espécie de mamÃfero aquático mais ameaçada do Brasil. Os tipos de captura mais frequentes no Brasil são o arpão, encalhe de filhotes, rede de pesca e curral. O arpão é o instrumento mais utilizado para capturar o animal. A segunda causa de morte na região nordeste é o encalhe de filhotes.